terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nas telas: Jennifer, de Renato Candido

"Jennifer, uma garota de 17 anos moradora da Vila Nova Cachoeirinha, manipula suas fotos no Photoshop para ficar mais bonita e mais clara com cabelos lisos. Num momento de sua vida em que se torna adulta, procura emprego, procura se relacionar com alguém que ela ame, Jennifer vive dilemas relativos a sua identidade numa sociedade que está calcada nos significados de branquitude."


A história é familiar não? Quem não passou por isso conhece alguém que passa, e isso não é privilégio dos "negros mais pigmentados", como mostra muito bem o filme de Renato Candido.

O mito da democracia racial semeia essa fixação pelo embranquecimento na cabeça de (principalmente) jovens por aí... Manifesto Crespo recomenda... tem tudo a ver!




Pedindo licensa, farei uso de algumas palavras de Salloma Sallomão, publicadas no blog Mosaico Negro Brasileiro, numa análise sobre o filme JENNIFER, o relacionando com o cinema do movimento negro brasileiro. Se você ainda não conhece, vale a pena ler: mosaiconegrobras.blogspot.com

"Com uma agenda despretensiosa e um elenco enxuto, o jovem cineasta negro paulistano, Renato Candido com sua Jennifer plasmou em imagens digitais o momento em que o discurso de identidade do movimento negro é deslocado por novos agentes sociais do seu caráter autoritário e essencialista anterior, para uma dimensão mais dinâmica e plural, no qual a identidade negra brasileira se submete as noções de processo, construção e diversidade.  
(...) 
A narrativa fílmica de Candido tem como protagonista Jennifer, uma adolescente negro-mestiça da pele clara, moradora na Zona Norte da cidade de São Paulo. Estudante de ensino médio, ela divide seu tempo entre a casa, a escola de ensino médio e a lan house. Utiliza as ferramentas digitais para manipular sua imagem e parecer mais branca, mais velha e corpulenta nas fotografias postadas nos site de relacionamentos sociais. Seu drama maior é em relação ao cabelo, que vive alisando. Jennifer vive em uma casa térrea com quintal, com a mãe, uma mulher negro-mestiça jovem de pele mais escura. (É necessário mencionar diferentes tons de pele, porque são importantes na construção visual, fotográfica e textual do filme).
(...)
Jennifer não busca a brancura com desespero, mas sente a opressão da estética social embranquecedora e tenta da sua forma ultrapassar a “linha da cor”. Somente recobra a consciência negra adormecida em si, quando mãe ao perceber seu dilema evoca a figura da ancestralidade negra feminina representada pela avó. O desfecho não tem tiro, morte, nem separação, mas afeto e solidariedade."

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